Referenciar métodos de diluição
Muitas vezes surgem dúvidas ao fazer referência à prescrição ou ao método de diluição que usamos, onde devemos esclarecer os termos utilizados e uniformizar a linguagem.
Quando nos referenciamos a diluições podemos estar a referir-nos a dois processos diferentes:
- Reconstituição: quando nos referimos ao acto de transformar um fármaco em pó num líquido (dissolução, através da introdução de um solvente como soro fisiológico)
- Diluição: quando nos referirmos ao acto de acrescentar mais solvende a um líquido para diminuir a concentração e aumentar o volume (pode ser a uma solução já líquida ou a uma solução acabada de reconstituir).
A reconstituição é processo que pode requerer um solvente diferente do usado para administração. Alguns antibióticos são reconstituidos em água (para evitar a precipitação e promover a transforção em solução aquosa) e diluidos em soro fisiológico (para maior esbabilidade química, isotonalidade e menor agressividade para os vasos sanguíneos).
A grande maioria das soluções permite uma larga margem de manobra de volumes para diluição. Não há grande diferença em diluir alguns antibióticos em 5, 10, ou 20ml de solvente e as variações da dissolução do pó não interferem. No entanto algumas soluções são reconstituidas de forma a perfazer um total do qual vai ser retirada uma parte apenas para posterior diluição. Alguns antibióticos seguem este procedimento e têm sempre na bula ou no próprio frasco as indicações expressas sobre os volumes a utilizar. Podem referir por exemplo que à ampola com o pó deve ser acrescentado 14ml de água, perfazendo um volume final de 20ml, com uma concentração de 50mg por ml. Nestes casos ter especial atenção que o volume final não é o instilado na ampola.
Alguns problemas nas prescrições e rótulos dos fármacos surge com a confusão nas diluições "em" e "até" x ml.
Pegar em 5 ampolas de 20mg de furosemida com 2ml cada uma e diluir em 50ml de soro disiológico não é a mesma coisa que diluir essas ampolas até 50ml. Quando usamos o "em" ou "com" um certo volume, significa que vamos acrescentar esse volume a outro volume já existente (pode ser um pó ou um líquido). O volume resultante final é a soma dos dois e é esse que é usado para cálculos de concentrações. Quando usamos o "até" um certo volume, significa que estamos a pegar num fármaco líquido e vamos acrescentar o solvente até perfazer o volume determinado.
Quando nos referimos a diluições de fármacos líquidos, devemos sempre usar uma prescrição com o volume total:
- "100mg de furosemida até 50ml de soro fisiológico" -> sabemos que as nossas ampolas em stock têm 20mg/2ml, aspiramos 5 ampolas para perfazer 100mg em 10ml e acrescentamos 40ml de SF para obter a concentração final de 100mg em 50ml ou 2mg/ml. Com a experiência em diluições e o uso de frascos de SF multi-utilizações, devemos aspirar inicialmente o SF na quantidade necessária e no fim o fármaco para não contaminar o frasco de SF.
Quando nos referimos a administração de fármacos "puros" (sem diluição) não devemos utilizar qualquer referência a expressões como "em" ou "até". Usar apenas a concentração do fármaco:
- "DNI 50mg/50ml"
Nos casos específicos dos fármacos em pó com necessidade de administração de partes para diluição, identificar o frasco também pela concentração apenas:
- Um antibiótico com um frasco de 1gr que deve ser reconstituido com 14ml de água, perfazendo um volume final de 20ml deve ser rotulado com "50mg/ml". Ao referenciar a reconstituição realizada referir que reconstituimos com 14ml para um total de 20ml. Se quisermos retirar 250mg desse frasco, tiramos 5ml e diluimos esses 5ml no volume final de diluição (100ml ou 250ml de SF por exemplo).